
Ali, muitas árvores foram derrubadas para dar lugar à construção de casebres e, um pouco mais tarde, a primeira plantação de cacau da história de Itabuna, por volta de 1867. Foi a partir daí que surgiu o arraial de Tabocas. Uma terra de gente rústica, mas decidida e disposta a transformar a mata virgem em um lugar habitável e cada vez mais próspero. Hoje batizada Itabuna, é uma das principais cidades da região cacaueira, com mais de 200 mil habitantes. Mas o início não foi fácil e muito suor foi derramado nos cabos das enxadas. Trabalho nunca faltou. Nem esperança depositada numa terra fértil e produtiva.
Em 1874, com a morte de José Alves, seu filho Firmino ficou com a responsabilidade de cuidar da família, além de administrar a casa comercial no antigo "Pouso de Tropas" (na Burundanga) e as fazendas de cacau que começavam a dar os primeiros frutos. De acordo com pesquisa do historiador Adelindo Kfoury, o jovem Firmino venceu todos os desafios e foi assim que surgiu um líder carismático, a quem se deve a consolidação da fundação do município e cidade de Itabuna. Embora muito jovem, Firmino mostrava uma capacidade de trabalho impressionante. Arguto e visionário, com 27 anos de idade resolveu mudar-se para o arraial de Tabocas, onde percebia melhores condições para progredir. Tratou de construir uma casa residencial e outra, vizinha, para onde transferiu o armazém que possuía na Burundanga. Bom administrador, Firmino prosperava e começou a tomar gosto pela política. Comprou mais algumas fazendas, entre elas a Boa Esperança, a maior de todas. Em "Jequitibá da Taboca", o escritor Oscar Ribeiro Gonçalves conta que o negociante Firmino Alves, "cristalizando-se no convite que formulara, mandou chamar de Salvador para o arraial homens de letras que trouxessem algo de civilização para esta zonaâ€. Dentre os recém-chegados se destacava o engenheiro Olynto Batista Leone, pela tradição política de seu irmão, o Dr. Arlindo Leone, que na capital gozava de grande prestígio junto ao então governador, além de ser advogado de renome.
Antes de distribuir convites a esses cidadãos, Firmino construiu uma casa para hospedar os novos habitantes, porque não havia em Tabocas hotéis nem pensões. A casa que serviu de hospedaria foi construída na rua da Areia (hoje Miguel Calmon). Já em Tabocas, o primeiro trabalho de Olynto Leone foi o de medição de terras. Não demorou muito para ingressar na política. Por volta de 1879, o arraial já contava com três casas residenciais, uma rancharia e uma escola, a primeira de Tabocas, tendo como professora Maria Rosa de Jesus, conhecida por "Rosa Camarão", apelido que recebeu porque, sendo branca, ficava com a pele vermelha com facilidade. Preocupado com a falta de profissionais, o fundador de Itabuna trouxe para cá médicos, professores, advogados, alfaiates, pedreiros, dentre outros. Ele lutou tanto para o desenvolvimento do arraial que durante anos chegou a oferecer mantimentos grátis para quem aceitasse o desafio de desbravar a mata e plantar cacau. Adelindo Kfoury conta, em seu livro "Itabuna, Minha Terra", que passando por Salvador o coronel Firmino Alves deixou ordens com seus correspondentes, Bessa Ribeiro e Domingos da Silva, para que fornecessem passagens, por sua conta, para quem fosse qualificado e desejassem vir trabalhar em Tabocas.

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